Em 2009, enquanto dirigia seu trator pelo campo de milho no sul do Brasil, um agricultor deparou-se com uma surpresa incomum. Sentiu seu veículo afundar no solo, inclinando-se para um lado. Ao descer, descobriu que a roda havia afundado sobre o que parecia ser o topo de uma cavidade subterrânea. Investigadores subsequentes revelaram um túnel com aproximadamente 2 metros de altura, quase 2 metros de largura e cerca de 15 metros de comprimento, atravessando o terreno e passando por baixo da casa do fazendeiro. Marcas de garras nas paredes indicavam que os últimos habitantes do túnel não eram seres humanos, mas sim preguiças-gigantes ou tatus-gigantes que o haviam escavado há pelo menos 10 mil anos.
Este incidente levou os cientistas a explorar o fenômeno das paleotocas, túneis pré-históricos escavados por animais gigantes. A região sul e sudeste do Brasil abriga a maior concentração de paleotocas do mundo, com mais de 1,5 mil túneis identificados nos últimos 15 anos. Tatus-gigantes e preguiças-gigantes, algumas crescentes até quatro metros de comprimento, são considerados os principais construtores desses túneis, que podem ter servido para cuidar dos filhotes, regular a temperatura corporal ou até mesmo para a hibernação. Enquanto muitas perguntas persistem sobre o propósito exato e a evolução dessas tocas, as paleotocas representam um fascinante mistério paleontológico e um testemunho do passado pré-histórico da megafauna na região.