Neuropsicóloga, psicóloga neurociência cognitiva da Neuroclinic, coordenadora de neuropsicologia da Clínica Aprendizagem e Companhia, pesquisadora Grupo de Investigação Clinica em Saúde e Educação da União Européia, doutoranda em Neuropsicologia da Infância, psicologia cognitiva pela EBWU- Flórida USA
A memória é um bem que nos ajuda em todas as áreas da vida, com ela podemos criar e recriar momentos, formarmos o conceito de nós mesmos, ou seja, criamos nossa personalidade. O crescimento seria impossível, as situações teriam sempre que ser revividas como se nunca a tivéssemos vivido, não haveria aprendizado. Memória é como uma resistência do aprendizado que nos ajuda a resolver problemas de nosso meio e criar condições e desenvolvimento para o futuro.
O que é a memória? É uma capacidade do cérebro que é organizada em estágios como: adquirir (codificar); reter, gravar, registrar (armazenamento) e recordar, recuperar (evocar) quando então se utiliza da informação para novas produções. Sempre há espaço para novas informações.
O armazenamento de memórias é muito frágil, está guardada em diferentes regiões do cérebro, podendo ser modificada a cada nova vivência e só é fortalecido se essa memória for utilizada. Para que tudo corra o melhor possível é necessário que a atenção esteja equilibrada. A formação de memória depende do nível de alerta, do grau de ansiedade e do estado de ânimo. Elas, as memórias, começam como um impulso elétrico (sinapses) que vai deixando vestígios (neuronais) que podem se tornar permanentes e mais eficientes na transmissão de sinais.
Essa condição pode ser alterada por situações do cotidiano, a qual todos estão sujeitos, mesmo as pessoas mais tranqüilas, e que levam ao cansaço mental e dificuldades de concentração. Não há como determinar o que irá provocar o estresse, mas situações como uma vida muito corrida, a maneira de encarar fatos, doenças, problemas financeiros, profissionais ou familiares, drogas, abuso infantil, dentre tantos, ativam uma área do cérebro responsável pelo emocional e mediador do estresse (amígdala cerebral). A amígdala cerebral ativa outras áreas (HPA, eixo hipotálamo/hipófise/adrenal) liberando o cortisol como resposta aos estímulos recebidos e ao estresse emocional. Os sinais percebidos são conduzidos ao sistema nervoso central (SNC) que regula a pressão sanguínea, o ritmo cardíaco, a temperatura do corpo, a respiração, dentre outros e prepara o corpo para emergências ou sinais de luta ou fuga.
Os principais sinais de estresse ou de tensão constante são palpitação cardíaca, sensação de dor no peito, falta de ar, irritabilidade, tremor, impaciência, tontura, dor de cabeça, tensão muscular.
Quanto maior o esforço para se adaptar a situação estressante mais o organismo enfraquece, ocorrendo inclusive perda de células cerebrais, e que como numa bola de neve, torna menor o nível de retenção de memória.
O cortisol é uma molécula que fortalece as conexões cerebrais facilitando o armazenamento das informações, ou seja, está relacionado à formação de memórias e sua recuperação. Uma carga emocional intensa (excesso de cortisol), envolvida em uma situação, leva ao esquecimento da informação durante a realização da tarefa. Por quê? Porque o corpo está se preparando para enfrentar a situação estressante e não pode desviar suas atividades para outras áreas.
Assim sendo fica claro que quanto maior a duração de tempo de estresse (estresse crônico), maior o prejuízo causado, tanto em desenvolvimento de doenças, principalmente para as doenças geneticamente programadas, como prejuízos na qualidade de vida.
Porém não existe somente o estresse extremo, o estresse tido como normal, do dia a dia, coloca o organismo em estado de alerta para enfrentar situações de perigo iminente, dá energia e aumenta a capacidade de produzir.
Existem situações que podem ajudar e interromper as respostas de estresse: meditação, boa noite de sono, atividades físicas como caminhadas, gerenciamento de tempo, meditação, atividades prazerosas como hobbies, música, e existem profissionais aptos a ajudar nessas situações como os médicos e os psicoterapeutas.
Manter o stress sob controle não é o mesmo que eliminar as lembranças dos fatos que o promoveram, mas modificar a interpretação para ter uma relação mais saudável com a vida.