A empresa farmacêutica Eli Lilly, dos Estados Unidos, divulgou, em julho, os resultados da fase final dos testes clínicos de um medicamento experimental contra a doença de Alzheimer. O anticorpo monoclonal chamado donanemabe demonstrou a capacidade de retardar o declínio cognitivo em até 60% em indivíduos tratados nos estágios iniciais da doença.
Os resultados foram publicados na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA) em 17 de julho e anunciados na conferência internacional anual da Associação de Alzheimer, realizada em Amsterdã, nos Países Baixos, no mesmo dia.
O donanemabe age da mesma forma que outros medicamentos recentemente aprovados, como lecanemabe e aducanumabe, eliminando aglomerados de beta-amiloide, uma proteína prejudicial aos neurônios. No estudo clínico, o medicamento foi administrado por via intravenosa a cada quatro semanas durante 18 meses.
A pesquisa envolveu 1.736 pacientes de oito países, com idades entre 60 e 85 anos, todos com comprometimento cognitivo leve. Os participantes foram divididos entre os que receberam o medicamento e os que receberam placebo. O tratamento reduziu significativamente as placas de beta-amiloide, e o estudo mostrou que, entre aqueles com baixa concentração da proteína tau no cérebro, o declínio cognitivo foi 60% mais lento em comparação com o grupo placebo.
A chegada desses medicamentos marca um avanço significativo no tratamento da doença de Alzheimer, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, ainda há preocupações com efeitos colaterais, como “anormalidades de imagem relacionadas à amiloide” (ARIA), que podem causar convulsões e hemorragia cerebral. A empresa Eli Lilly aguarda uma decisão da Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos sobre a aprovação do donanemabe até o final de 2023.