A guia anônima é realmente “anônima”?

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A guia anônima é realmente “anônima”
A guia anônima é realmente “anônima”

Enquanto os principais ativos do Mercado Financeiro Internacional não estão na sua melhor época, no mundo digital os seus dados se encontram em constante valorização. Escândalos de gigantes redes sociais, venda de dados roubados de clientes na web e falhas de segurança em plataformas online aumentam o interesse do público em geral em ambientes de navegação onde sua identidade não será violada.

Um dos serviços mais comuns ofertados pelos principais navegadores é a navegação anônima. No navegador da Google – Chrome – a empresa promete que “não salva seu histórico de navegação, cookies e dados do site ou informações inseridas em formulários”. O texto – retirado das páginas de suporte oficiais da marca – também alerta sobre a existência de vários dados que ainda assim estarão expostos. Mas nossa preocupação aqui nem mesmo será com os perigos alertados no registro oficial.

Vamos aos testes:

A Electronic Frontier Foundation (EFF) realiza testes em tempo real em navegadores para metrificar o anonimato do usuário. Realizei o teste sem o uso de nenhuma extensão no navegador Chrome na versão atual do software para Windows em um ambiente de 64 bits.

Segundo a ferramenta da EFF em aba anônima a navegação bloqueia parcialmente o rastreamento das informações do usuário. O site mostra que, quanto ao registro de cookies e algumas informações do usuário, os sites acessados por este serviço podem ter acesso e fazer uso destes dados. No entanto, há uma parcela de dados que ganha proteção na aba anônima e na aba comum do mesmo navegador se encontra desprotegida. Isto é, segundo a análise dos softwares da EFF, há maior proteção nesta aba. Isso não significa que há anonimato. Basta acessar você mesmo o site <https://coveryourtracks.eff.org> e conferir várias informações que o site lista sobre o dispositivo em uso e a sua experiência como internauta.

Para comparar o rastreamento foi instalada a extensão Privacy Badger no Chrome. Na aba comum e com uso da ferramenta o resultado do teste, segundo a EFF foi superior se tratarmos como métrica o bloqueio de rastreadores.

No pequeno teste de comparação a métrica comparada foi o “fator rastreamento”. Portanto, só há o que se falar desta única variável. Dentro da Segurança da Informação há inúmeros outros fatores que ainda poderiam ser analisados. No entanto, testes como esses mostram como crenças como “anonimato” ou “segurança digital” estão cada vez mais distantes da realidade do usuário comum. Aliás, diferentemente do Mercado Financeiro, a obtenção de dados em volume cada vez maior valoriza objetivamente o ativo.

Investimento perfeito?

Caio Peclat – Investigador Particular