Como um constructo neural, a atenção se desenvolve ou amadurece juntamente com as outras capacidades cerebrais. Todos nós precisamos de atenção para executar variados tipos de tarefas, desde as ecológicas (tomar banho, limpar a casa, organizar objetos etc.) até as tarefas mais sofisticadas também conhecidas como funcionais, aquelas ligadas as atividades laborativas.
Contudo é preciso salientar para os leitores que como a atenção é controlada pelo cérebro humano, existem duas variáveis principais para que ele decida mobilizá-la ou não: primeiro, a sobrevivência do próprio organismo e, em segundo lugar, a recompensa ou prazer imediato.
Assim, se uma tarefa, seja ela ecológica ou funcional são satisfizer essas duas condições o cérebro “desiste” desse foco e passa a buscar outros para sua própria satisfação.
Sendo essas variáveis descobertas pelas investigações da neurociência e psicologia cognitiva, observa-se que os cursos de licenciatura ainda não consideram, como deveria, essas duas áreas do conhecimento para atualizar as estratégicas didáticas para ensinar ciências e matemática, por exemplo.
Podemos compartilhar da seguinte situação: “O professor de matemática precisa apresentar as noções de binômios de Newton a seus estudantes, mas o faz de maneira clássica, ou seja: reescrevendo na lousa o que está no livro didático do aluno”. Isso pouco vai interessar ao cérebro para mobilizar a atenção dos alunos, pois duas perguntas são centrais: por que eu preciso aprender isso? Para que eu preciso desse conhecimento?
Uma alternativa para os professores que valorizam o ensino clássico é conhecer as teorias dos seguintes campos do saber: neurociência cognitiva, psicologia cognitiva e didática da matemática. Juntas elas reúnem um arsenal que valoriza a informação tornando-a prazerosa e interessante para o cérebro.
Nessas áreas muitas teorias já foram desenvolvidas e estão postas de modo disponível aos interessados. Dentre elas podemos citar as teorias da atenção (TDG, TDS, TS, TIC) e da didática da matemática (TSD, EDC, NFC e TAD, por exemplo).
Os leitores interessados podem conhecer as teorias atencionais a partir das obras do psicólogo norte americano Robert J. Sternberg e do neurocientista Michael Gazzaniga, bem coo as da didática da matemática: Guy Brousseau, Michèle Artigue, Aline Robert e Yves Chevallard.
Como aperitivos dessa primeira postagem, espera-se que alguns professores busquem se aprofundar para conhecer melhor os bastidores de como funciona os mecanismos atencionais no cérebro, tema da próxima publicação.
Obrigado a todos pela atenção, Dr. Laerte Fonseca.