Mais recentemente os transtornos mentais têm saído das sombras e recebido mais atenção científica e da população em geral. Porém, muitos mitos ainda persistem, prejudicando os pacientes, muitas vezes impedindo tratamentos adequados.
Não faz muito tempo que a sociedade atribuía às divindades ou aos espíritos (bons ou maus) a responsabilidade de alterações nos comportamentos. Ainda hoje isso pode ser percebido nas crendices populares.
É verdade que os transtornos mentais não são tão incomuns como se pensa e mesmo antes desta pandemia da COVID 19 estima-se que uma em quatro pessoas já era afetada por alguma desordem emocional ou neurológica. A demência, a depressão e a ansiedade são os mais comuns de ocorrerem.
Um transtorno mental nem sempre é uma situação permanente (verdade), nem sempre é uma sentença de vida e nem sempre afeta o funcionamento normal de uma pessoa, mesmo para aquelas com quadros mais severos, onde ela pode trabalhar e ter vida social, o que por sinal são essenciais para manter a pessoa mais equilibrada. O isolamento é prejudicial e o trabalho é um auxiliar na redução da severidade.
Um mito se refere à depressão, onde o senso comum diz ser uma preguiça, ou mesmo uma escolha. Transtorno mental é uma doença e como tal deve ser tratada (verdade).
Amigos são amigos e terapia é terapia, são situações diferentes e como tal devem ser tratadas. A terapia é focada no sujeito, é confidencial e objetiva. Os amigos não substituem a terapia e a terapia não substitui os amigos.
Reforçamos então uma verdade: o transtorno mental não é sinônimo de loucura, chantagem emocional, falta de caráter ou mesmo uma fraqueza. É, sim, uma doença e como tal precisa ser tratada. O fato de estar sendo acompanhado por um psiquiatra ou psicólogo não torna a doença um caso severo ou grave.
O sofrimento mental e/ou as alterações de comportamento que estejam prejudicando nas três áreas essenciais da vida (família, trabalho e profissional) precisam ser tratados e, como em qualquer outra doença, quanto mais cedo se inicia o tratamento, mais fácil de tratar ou mesmo reverter alguns dos casos.
Alguns transtornos podem ter origem genética, mas pode haver também influência de estruturas familiares, exposição a elementos tóxicos, doenças clínicas, acidentes, e até mesmo o ambiente social a que a pessoa pertence. Um caso que deve ser bem avaliado é o da bebida alcoólica durante a gestação: a criança dentro do útero materno está em formação e a bebida é um desencadeante de deformações cerebrais, alterações no Sistema Nervoso Central que prejudicarão essa criança pelo resto de sua vida (verdade).
Um sintoma como uma tristeza intensa, pessimismo demais, esgotamento mental, para citar alguns, não são necessariamente um transtorno mental, podendo também ser sintomas de uma fase da vida que deve ser superada. A superação desses quadros pode ocorrer também com a ajuda profissional, como por exemplo, de um psicólogo.
Outro sintoma muito falado é a violência. Doença mental é sinônimo de violência ou de pessoa perigosa: isso é um mito. Existem casos assim? Sim! No contexto da doença mental não é o cotidiano, mas midiaticamente falando chama atenção e vende jornal. A mídia colabora com o estigma que nem sempre é verdadeiro.
Como qualquer outra doença, o transtorno mental precisa de cuidado. Quando se tem um problema cardíaco vai-se ao cardiologista, se o problema é com a visão vai-se ao oftalmologista, não há estigma quanto aos profissionais citados ou a tantos outros, portanto quando o problema é mental o especialista é o psicólogo, o psiquiatra, não existe um motivo para esse estigma. É um mito que a psiquiatria só passa remédio, esse só é utilizado quando realmente se faz necessário.
Nosso cérebro é responsável pelo nosso comportamento, nada melhor que mantê-lo saudável e bem cuidado.
O tratamento está aí, está disponível. Se cuide.