O mundo contemporâneo enfrenta desafios sociais, políticos e econômicos complexos, que transcendem fronteiras e exigem respostas inovadoras, humanizadas e orientadas por pesquisas e estudos científicos.
Nações de todos os continentes tentam, sem ainda alcançar um consenso, encontrar soluções equilibradas para fenômenos como mudanças climáticas, desigualdade, inteligência artificial e mobilidade humana.
Esta coluna nasce com o propósito de trazer à tona esses temas imprescindíveis, fomentando a reflexão e o debate crítico.
Para inaugurar nossa série de discussões, escolhemos um assunto que se destaca de forma emblemática: a migração internacional. Um fenômeno histórico que, no mundo globalizado, assume novas dinâmicas e pressiona governos, mercados de trabalho e sistemas educacionais.
Qual o impacto da crescente migração qualificada para os países de origem e de destino? E como a formação em instituições de ensino internacionais e a busca de revalidação de diplomas estrangeiros se inserem nesse cenário?
Fuga de Cérebros: Um Retrato da Migração Qualificada Brasileira
Um dado recente lança luz sobre uma tendência, nos primeiros oito meses de 2024, mais de dois mil brasileiros altamente qualificados obtiveram vistos EB-1 e EB-2 para os Estados Unidos — número que supera todo o período de 2018 a 2021. Este fenômeno, conhecido como “fuga de cérebros”, refere-se à migração de profissionais talentosos e experientes em busca de melhores condições de vida, segurança e reconhecimento internacional.
O visto EB-1, também chamado de “Einstein Visa”, é concedido a indivíduos com habilidades extraordinárias em áreas como ciência, arte, educação e negócios. Já o EB-2 é destinado a quem possui formação acadêmica avançada e sólida experiência profissional. Mesmo com o aumento das deportações e o endurecimento das políticas migratórias nos EUA, aqueles que apresentam a qualificação adequada continuam encontrando oportunidades reais e remuneração justa a todo progresso obtido por longos anos de estudos e investimentos.
Atualmente, profissionais da área de saúde estão revalidando seus diplomas nos EUA e obtendo remunerações iniciais de 5.500,00 a 8.000,00 dólares por mês, que é o caso de médicos que inicialmente tiveram seus diplomas revalidados por Universidade Americana.
A Questão-Desafio: Como reter talentos e valorizar competências no Brasil, é uma questão a avaliar?
A migração qualificada, se por um lado oferece novas possibilidades de carreira para os indivíduos, por outro gera sérios impactos nos países de origem. A perda contínua de capital humano dificulta o desenvolvimento econômico, científico e tecnológico nacional, agravando ainda mais desigualdades internas. Surge então uma pergunta crucial: como o Brasil pode criar condições para reter seus talentos e valorizar suas competências em um mundo cada vez mais competitivo?
Um ponto central dessa discussão é a revalidação de diplomas estrangeiros. À medida que cresce o número de brasileiros qualificados que partem para o exterior, também aumenta o movimento de profissionais estrangeiros e de brasileiros formados fora do país que buscam reinserção no mercado nacional. Tornar esse processo mais ágil, transparente e eficaz é um passo essencial não apenas para acolher talentos, mas também para reverter a lógica da “fuga” e promover a circulação qualificada de conhecimentos.
O debate sobre a migração internacional qualificada, portanto, não é apenas sobre quem sai ou quem entra. É sobre como construímos, enquanto sociedade, mecanismos de reconhecimento, incentivo e pertencimento para aqueles que podem transformar realidades com seu conhecimento e trabalho.
Nas próximas edições, seguiremos explorando temas que desafiam o presente e moldarão o futuro. Afinal, refletir sobre eles é o primeiro passo para agir com responsabilidade e visão.