Formação em tempos de destruição da experiência

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Formação em tempos de destruição da experiência
Formação em tempos de destruição da experiência

Formação em tempos de destruição da experiência

Foi o filósofo Alemão Walter Benjamin que disse algo a respeito da morte da experiência, esta que é compreendida como aquilo que nos toca, aquilo que nos passa.
Em tempos de profunda expansão daquilo que ao meu juízo é a expansão da doxologia, ou seja, o joguete de meras opiniões das pessoas que sabem tudo e querem falar a qualquer custo, tenho a impressão que estamos com a cabeça cheia de opiniões sobre tudo.

Qual a importância dessas opiniões? Será que elas têm algum valor?

Veja. Se você se atentar um pouquinho e apurar seu olhar, verá quantas informações nos deturpam o dia todo. Essas informações não nos fornecem elementos para formação de nossas experiências; pois possuem uma característica: são efêmeras.

Esta é a marca dos tempos atuais.

Pois bem. Se uma formação é difícil em tempos que contribuem para a destruição da experiência (daquilo que nos toca, aquilo que nos passa), como é possível então eu buscar uma formação plena para o espírito?

Seguem algumas dicas para quem já percebeu os tempos atuais.

Selecionar o que deve ser lido ou assistido.
Ter consciência da sua ignorância.
Ter curiosidade epistemológica.

Sobre o primeiro aspecto. É preciso saber dizer não ao que nos é enviado diariamente. Lembremos do filósofo Michel de Montaigne em que este dizia: “mais vale uma cabeça bem feita, do que uma cabeça bem cheia”. Uma cabeça cheia não é sinônimo de saber.

Sobre o segundo ponto. Sócrates já nos alertava. Quando este disse: “só sei que nada sei”, é uma expressão de sua ignorância que, sabendo que nada sabe, tendo consciência de tal condição, isso o permitia a buscar saber mais sobre as coisas; algo que nos falta em tempos de supostos sabichões do tempo presente. O que, rigorosamente falando, é nada mais nada menos que uma espécie de doxologia.

Sobre o terceiro aspecto. Paulo Freire nos alertava da importância de sermos curiosos. De querermos saber mais sobre as coisas, de procurar constantemente as coisas. Esta curiosidade nos permite, enquanto seres humanos ter consciência de nosso inacabamento e com isso buscar ser mais, constantemente.

Apesar das possibilidades de experiências estarem completamente remotas, tais ensinamentos, ou dicas de caminhos, podem, sem dúvidas, ser um começo de uma construção de fato que, leve em consideração a reflexão como processo de formação de nosso espírito. Algo que falta demasiadamente em tempos de vazio e exceção.

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Marco Aurélio De Passos Rodrigues
Escritor nascido em agosto de 1981, na cidade de São Paulo, conhecida por sua violência e crimes de amor. Dedica-se há alguns anos ao ensino de filosofia, literatura, história e etc. De sua vida, o que pode se dizer é que escreveu e publicou os seguintes livros: Descaso por acaso (editora Multifoco, 2015), Restos da decadência: pequenas histórias de todos os tempos - Volume I: Filosofia comum e formas de vida (ensaio filosófico -editora companhia dos autores, 2017) e Arquitetura do golpe, (Editora Multifoco 2019), Ódio à política, ódio ao pensar Clube dos autores (2021) Linguagem e ideologia: entre o signo e o marxismo. Clube dos autores (2022) e Educação, Cidadania e realidade Nacional. Clube dos autores (2022). Além disso, é graduado em filosofia, pedagogia (Universidade Metodista de São Paulo) Mestre em filosofia (Universidade Federal de São Paulo) e Doutorado em Filosofia e Ciências da Educação (Emil Brunner World University). Atualmente é professor na Prefeitura Municipal de Santo André e mantém um canal chamado Polêmicas de nosso tempo.