Um experimento científico fascinante envolveu os físicos norte-americanos Joseph Hafele (1933-2014) e Richard Keating (1941-2006) em 1971. Eles conduziram um teste utilizando relógios atômicos, extremamente precisos, que percorreram o mundo duas vezes a bordo de um avião comercial. Voaram primeiro para o oeste e, posteriormente, para o leste, retornando ao laboratório em Washington DC, nos Estados Unidos.
Ao comparar os relógios que viajaram com outros que permaneceram em terra, os cientistas descobriram um desajuste temporal. Esse experimento testou um dos princípios fundamentais da teoria da relatividade de Albert Einstein, que postula que o tempo não é universal. Quanto mais rápido você viajar, mais lentamente o tempo passa para você.
Embora o efeito seja pequeno – em um voo transatlântico, seu relógio ficará apenas 10 milionésimos de segundo atrás do deixado em terra –, isso significa que você envelhecerá ligeiramente menos do que se tivesse permanecido em repouso.
A teoria da relatividade também afirma que a gravidade influencia o tempo. Ao afastar-se da atração gravitacional da Terra, o tempo se acelera. Esse fenômeno, embora minimamente perceptível, é levado em consideração pelo sistema GPS para funcionar corretamente, especialmente em satélites a uma altura significativa.
Em comparação, buracos negros, com sua intensa gravidade, causam efeitos mais pronunciados na relatividade. Se alguém caísse em direção a um buraco negro, veria eventos externos acelerando, sugerindo uma distorção temporal. Esse fenômeno foi explorado no filme “Interestelar” (2014).
Ao cruzar o horizonte de eventos de um buraco negro, a fronteira além da qual nada pode escapar, o viajante poderia ser levado em direção ao centro do buraco negro, onde o tempo se comporta de maneira incomum. Dentro do horizonte de eventos, tudo ocorre ao contrário: o viajante seria forçado a viajar incessantemente no espaço em direção ao centro do buraco negro, levando à especulação de viagem no tempo.
Embora seja um conceito fascinante, a falta de uma saída conhecida de um buraco negro impede que viajantes do tempo do futuro nos visitem no século 21. Entender como os buracos negros manipulam espaço e tempo oferece aos físicos insights valiosos e testes rigorosos das teorias de Einstein. Um experimento intrigante, certamente mais emocionante do que dar a volta ao mundo em um avião com um relógio atômico a reboque.