Ao longo das últimas três décadas, o cenário das telecomunicações sem fio passou por transformações significativas. Inicialmente, as operadoras móveis tradicionais (OMRs) eram as únicas a oferecer serviços, detendo a infraestrutura necessária. Contudo, na década de 1990, esse modelo foi desafiado pelo surgimento das operadoras móveis virtuais (MVNOs), que compravam capacidade das OMRs para oferecer serviços, mesmo sem possuir uma infraestrutura própria.
Com o tempo, o modelo MVNO evoluiu, diversificando-se em diferentes tipos de entidades que adquiriam capacidade para serviços celulares. Mudanças no ambiente de mercado, como a adoção generalizada de serviços móveis e a transição para redes totalmente IP, levaram as MVNOs a migrar de uma abordagem baseada em competição de preços para lançamentos mais especializados.
Apesar das evoluções, algumas características permaneceram constantes. As MVNOs continuaram a ser consideradas operadoras de nicho, focando em perfis específicos de consumo. Essa especialização proporciona um melhor controle sobre despesas com publicidade e logística, pois essas operadoras entendem as necessidades dos clientes e oferecem alternativas que as OMRs tradicionais podem não possuir.
Enquanto as OMRs buscam clientes em todas as localidades onde suas redes oferecem serviços para recuperar investimentos, as MVNOs concentram-se em locais estratégicos onde reside a maioria de seu mercado-alvo. Isso cria uma fragmentação nos níveis de competição do mercado, com as MVNOs competindo principalmente em áreas urbanas de maior poder aquisitivo e densidade populacional.
Na América Latina, a presença de MVNOs é expressiva, mas a competição efetiva com as OMRs ocorre principalmente em áreas urbanas. O México, por exemplo, conta com mais de 140 MVNOs, enquanto a Colômbia possui cerca de 13 MVNOs e quatro OMRs que operam em todo o país. A competição real entre OMRs e MVNOs ocorre nas áreas em que as OMRs investem para conquistar clientes, geralmente em localidades urbanas.
A situação destaca a necessidade de esforços para levar conectividade a áreas rurais e remotas, onde a concorrência entre OMRs e MVNOs é limitada. A América Latina apresenta iniciativas, como a rede compartilhada no México e esforços de cooperativas na Argentina, para promover o crescimento celular em regiões historicamente negligenciadas pelas grandes operadoras.
Em resumo, embora haja uma presença expressiva de MVNOs na América Latina, a competição efetiva com as OMRs é mais concentrada em áreas urbanas, destacando desafios e oportunidades para promover conectividade em regiões menos atendidas.