Desde os 12 anos, o neurocirurgião britânico Henry Marsh, agora com 73 anos, mantém um diário. Inicialmente sem planos de publicá-lo, Marsh acreditava que seria um legado desconfortável, até que a sugestão de transformá-lo em um livro mudou tudo.
“Sem Causar Mal: Histórias de Vida, Morte e Neurocirurgia”, publicado em 2014, foi traduzido para quase 40 idiomas, alcançando milhões de leitores. Com um estilo direto e reflexões profundas sobre sua profissão e vida, Marsh cativou seu público.
Seu mais recente capítulo de memórias, “E Por Fim – Questões de Vida e Morte”, revela um aspecto mais íntimo e vulnerável. Marsh, diagnosticado com câncer de próstata avançado após alguns anos de aposentadoria, compartilha sua perspectiva de passar de médico respeitado a paciente.
Na entrevista à BBC, Marsh reflete sobre a mudança de papel, destacando a dificuldade de aceitar sua humanidade compartilhada com os pacientes. Ele discute a complexidade da responsabilidade médica, a necessidade de equilibrar empatia e distanciamento científico, e a transformação da medicina em uma profissão mais centrada na equipe.
Ao abordar temas filosóficos sobre mente e matéria, consciente e inconsciente, Marsh enfatiza o quanto ainda desconhecemos sobre o cérebro. Ele descarta a ideia de que a inteligência artificial substituirá completamente a complexidade do cérebro humano.
Marsh também compartilha seu envolvimento com questões éticas, como a morte assistida, e como sua experiência pessoal com a doença reforçou suas opiniões sobre o assunto. Ao encarar o enigma da morte, ele enfatiza a importância de aproveitar ao máximo o tempo restante.
A entrevista explora o impacto emocional da profissão médica, o desafio de equilibrar a gentileza com a necessária distância emocional e a evolução do conhecimento sobre o cérebro ao longo dos anos. Marsh revela sua surpresa com o sucesso de seus livros, atribuindo-o à sua honestidade sobre os riscos e fracassos da profissão médica. Ele destaca a necessidade de aceitar a finitude da vida e revela seus planos futuros, incluindo escrever um livro infantil como presente para suas netas.